sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Violência, Igreja, Magella, um tal Coronel e eu

Estimulada por um Coronel da PM, li o artigo do Cardeal Dom Geraldo Majella, publicado na Folha de S. Paulo de hoje sobre violência. "É interessante notar como o Majella fala sobre o assunto (violência) de maneira objetiva e vai direto no ponto com clareza". Comprei o peixe e discordo.
1) O artigo do Majella começa parecendo fala de sociólogo que defende que o "o homem é resultado do meio" e a violência consequência de insastifações e resposta à adversidades que nos impedem de sermos felizes. De fato é um discurso objetivo e claro, sem influência dos preceitos da igreja.
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2) Mas trata-se do Majella, a Igreja tem que aparecer em algum momento. É quando ele associa o crescimento da banalização da vida entre os jovens com os debates no Congresso, nos meios de comunicação e nas escolas sobre aborto, células-tronco e eutanásia.
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3) Veja bem. Não é nem a prática que ele condena. Ele condena o debate em si. "Dificilmente podemos avaliar o poder educativo dos debates" (...) "Forma-se, sobretudo nas gerações mais jovens, a consciência de que se pode eliminar uma vida humana (...)".
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4) Atenção a contradição: se dificilmente pode-se avaliar, como ele afirma que forma-se tal consciência?
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5) Segue então com a condenação de certas políticas públicas que "incentivam uma vida banal": a oferta gratuita de camisinha nas escolas públicas. Para ele, tal política não é um incentivo para se concentrar no estudo e nem para a elaboração de um "projeto de vida que exija disciplina e sacrifício". E que certas práticas fazem "crescer a percepção da outra pessoa como ocasião para um momento de lazer, instrumento da própria satisfação".
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6) Até posso concordar que a simples distribuição de camisinha não é algo educativo. Mas de todo modo não deixa de ser preventivo. O importante mesmo é ter um projeto de educação e conscientização sexual que não aponte para a abstinência nem para o sexo após o casamento - discursos que afastam os jovens do debate - e sim para a responsabilidade que a prática envolve.
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7) Não deixa de ser uma idéia muito contemporânea a da percepção do outro como "instrumento da própria satisfação". Mas não dá para dizer que essa idéia é estimulada pela distribuição de camisinhas.
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8) Por fim, ele termina dizendo que é urgente "reconquistar a percepção da própria existência como relação direta com o mistério que está na origem de tudo". Um doce para quem souber do que se trata o tal mistério!
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9) Mas isso tudo não é uma crítica ao Majella. Ele está fazendo o papel dele, defendendo um ponto de vista. Estou apenas dialogando sob o meu ponto de vista ateu. Talvez seja uma crítica minha ao tal Coronel que parece não ter percebido esses pontos no texto.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sobre carros e nudez - naked bike


Fotos: André Penner/ Associated Press
A nudez deveria ser um direito natural. Andar à pé também. Mas a civilização sobrepôs a natureza. É mais civilizado usar jaquetas de couro e dirigir veículos emissores de CO²*. Nudez em publico dá cadeia. Ferraris e Palios não. Carros têm mais direitos que pedestres.
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Respeitando o princípio de que o direito de um termina quando começa o do outro, a meu ver, nenhuma legislação deveria nos privar de direitos que nos são naturais. Mas hábitos, crenças e valores culturais muitas vezes agridem nossa natureza. Limitar direitos naturais para fazer valer os valores da "civilização" me parece uma idéia torta.
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Semana passada o World Naked Bike Ride esteve pela primeira vez na Av. Paulista. Por pouco tempo. Logo os ciclistas nus receberam spray de pimenta e cassetetes da Polícia. Um deles, além de um ganhar chute no saco nu, foi levado à delegacia.
>>> notícia completa no site do Estadão
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*Quem estiver interessado em saber quanto um determinado modelo de carro emite de CO², acesse esse site. Está em discussão na União Européia projeto que visa a obrigatoriedade dessa informação constar nas propagandas de carros. As diferenças entre um modelo e outro são grandes, o que justifica os consumidores levarem esse dado em conta na hora da escolha. Imagino que a adoção desse comportamento desencadearia entre as montadoras um processo de produção de carros menos poluentes.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

é oficial: bandido pode se candidatar

Mesmo sem entender sobre legislação eleitoral eu já havia me permitido certo grau de indignação com a decisão do TSE (permitir a candidatura de políticos que estejam respondendo a processos criminais). Meu inconformismo foi ponderado pela idéia de que nem todo indiciado é culpado. Pois bem, depois de ler artigo de Luiz Garcia, publicado no O Globo de hoje, fico mais confortável com meu inconformismo.
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Considerar que o réu tem que ser condenado em primeira e segunda instância e ter a condenação mantida pelo TSE e confirmada pelo STJ para que seja impedida sua candidatura é uma afronta. O cara já foi condenado por dois pareceres e ainda assim pode se eleger.
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Vale à pena ler o artigo que apresenta outros argumentos em defesa do impedimento da candidatura.

terça-feira, 10 de junho de 2008

o cinema imortaliza os que morrem jovens e enterra os que continuam vivos


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Duas fotos me chamaram atenção essa semana: da Brigitte Bardot e da Jeanne Moreau. Duas francesas lindas. A imagem que eu guardava de ambas é bem diferente das fotos que me levam a escrever esse post: Brigitte aos 73 anos e Moureau aos 80. A primeira volta ao noticiário por pronunciar mais uma declaração xenófoba. A segunda, por estrear em Paris uma peça de teatro. Jeanne parece levar vantagens em qualquer comparação. Se lá atrás o cinema apresentava uma Brigitte muito mais sexy que a pueril Jeanne Moreau, as fotos em questão nos mostram que o tempo foi muito mais cruel com a primeira.

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Observação que me leva a refletir sobre algumas personalidades que, mortas ainda jovens, permanecerão para sempre assim em nosso imaginário: Marilyn Monroe, James Jean, Kurt Cobain e, mais recentemente, porém antes de alcançar tamanha popularidade, Heath Ledger.
Já o mesmo não acontecerá com o antes charmoso Marlon Brando.
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A propósito, dei uma olhada nas 10 maiores bilheterias americanas dessa semana. Todos os filmes protagonizados por jovens. E há muito o velho e gorducho Marlon Brando não estrela em um filme decente.
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Em uma olhada não muito criteriosa, dos 54 filmes em cartaz, apenas sete são protagonizados por personagens com mais de 60 anos. Excluindo da lista, por motivos óbvios, o sexagenário Harrison Ford em Indiana Jones. Nessa mesma olhadela, em sete sinopses aparece a palavra "jovem". Me pergunto se o universo dos velhos não seria interessante. Logo lembro do ótimo "Longe dela" (em cartaz) - com a ainda bela Julie Christie, "Elza e Fred", "O outro lado da rua"...

sábado, 7 de junho de 2008

movimento na contramão

Só pode ser resultado de um movimento muito bem organizado. Repararam na quantidade de gente dirigindo na contramão só esse ano?
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u409752.shtml

sexta-feira, 6 de junho de 2008

drama do sargento Laci mais prejudica do que ajuda a causa pelos direitos dos homossexuais

Vi a chamada acima e logo imaginei ser mais uma coluna da Barbara Gancia com preconceitos nas entrelinhas. Como eu não assisti ao SuperPop do sargento, tive que concordar com ela ao saber da declaração em negrito.
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"Mas, vem cá: dava para ser diferente? Como é que a gente vai se compadecer com o sargento, que se diz perseguido por comandantes preconceituosos, quando o próprio, num arroubo de candura, afirma que "as Forças Armadas são um paraíso", pois não há, segundo ele, "tem coisa melhor para um homossexual do que tomar banho com um monte de homem pelado e sarado"? Ora, não é justamente por conta desse tipo de pensamento que a presença dos homossexuais é malvista nas Forças Armadas? "
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Ainda assim, não dá para achar que o modo como a prisão aconteceu foi correto.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Turismo petista

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Mônica embaixadora do turismo do Ministério da Marta?
Alguma coisa a ver com seu vestidinho vermelho?
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2º sargento Laci Marinho de Araújo, 36, homossexual assumido

Que o exército é homofóbico isso já todo mundo já sabia. O interessante é que esse é mais um episódio que evidencia o quanto a instituição não está preocupa em zelar por sua imagem. Prender um militar homossexual na porta de uma emissora de TV é, no mínimo, burrice estratégica. Cadê o RP do exército? Deve ser um bota surrada dos tempos da ditadura.
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Para prender um sargento desertor que mora em um apartamento funcional precisava mesmo ser na porta da RedeTV com homens armados de fuzis em punho. Yeah... right... Pensei ser ignorância do exército (e do Ministro Nelson Jobim) achar que a opinião pública vai aceitar a versão da prisão por crime de deserção.
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Pensei. Mas qual não foi minha surpresa ver o resultado da enquete da Folha de S. Paulo:
->"Você concorda com a
prisão do militar gay do Exército?"
39% das 5.463 pessoas que votaram, disseram concordar.
Só eu acho que 39% é muito?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O algodão doce da américa

OMC para quê?
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E o algodão americano? Melhor não ser integrante de órgãos internacionais, fica menos feio... E há como retaliar economicamente os Estados Unidos? O negócio é desistirmos das exportações e nos dedicarmos à agricultura de subsistência. Ah, mas aí vai precisar fazer reforma agrária...